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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina (Outubro, 1981)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Trocando olhares no mesmo lençol
Esperando alguma resposta que me traga tranqüilidade
O frio se expandindo em suas mãos
Eu sempre espero um ‘te amo’ de ti
Você Sempre espera um beijo de mim
E assim vamos deitados
Deixando os cheiros nos lençóis
Eu sempre me afogando nesses teus olhares
Você sempre carente dos meus abraços
E assim nos perguntamos calados
O quanto a distancia nos persegue?
O quanto você me acha bonita feito uma flor
A enorme saudade que eu sinto dos lírios
O maior medo que você tem é
De me ver por ai procurando a tua resposta
Você abraçando os lírios
Eu sempre esperando um ‘te amo’ da sua boca
Você deixando seus cheiros nos lençóis
Eu sempre me afogando nesses meus olhares
Suas mãos se expandindo ao frio
Eu sempre carente desses seus abraços.


E assim vamos deitados, você sempre me achando bonita

Como uma flor.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


Nesse fim já não sei bem o que irá sobrar de mim, eu estive muito tempo em você, e sair assim sem mais nem menos, me deixa um tanto desnorteada, é por isso que agora estou caminhando na chuva, talvez ela me lave a alma, ou me leve de cabeça para o fundo, eu preciso de tudo ou de nada, meus cabelos estão molhados por estar te procurando para mostrar meus olhos vermelhos de tanto choro, pois a verdade judiou de mim, quando me contou que te perdi. As suas coisas continuam no mesmo lugar, não tenho coragem de desfazer tudo aquilo que um dia você arrumou ao meu lado, aos meus olhos nus. Para ser menos sincera vou lhe dizer que não retiro tudo isso, porque você merece um lugar guardado em casa.  E assim vou rezando mais uma vez, para inventarem uma borracha para o coração, assim eu te apago, respiro fundo e recomeço tudo outra vez.

Kamila

domingo, 24 de janeiro de 2010

Primeiro de Abril

Era primeiro de Abril e quase não chego a tempo de me despedir, iria perder seu olhar por toda eternidade se não tivesse enfrentado aquele médico de bosta, é, olha o que o desespero e o amor não fazem. Só você sabe ou sabia o quanto tenho nojo de hospital, o cheiro me provoca ânsia.
Preciso deixar claro, foi terrível te ver quietinha na cama, no fim. Sua mão sempre tão bonita, sua pele tão viva, você era inteirinha hiperativa, até seu cabelo com frizz, até seus fios eram hiperativos, gostava tanto deles, passar a mão nos seus cabelos era indispensável, sempre ia dormir com o cheiro deles nas mãos. E agora lá estava você, sem eles, sem nenhum deles, mesmo assim você não deixou de ser linda, mesmo quase sem vida seus traços ainda me envolviam de um jeito incrível, nessas horas vejo o quanto você é adorável e amável por mim.
Quando abriu os olhos, sorriu com eles, e além de sorrir disse com o olhar que todos aqueles tubos e agulhas estavam te incomodando, aquilo me incomodou também e de repente meus olhos transbordaram lagrimas e eu passei as mãos neles de uma forma que demonstrou que estava me desculpando por chorar, me desculpe por chorar, chorei de mansinho, mas chorei e você também chorou de um jeito fraco, triste. Assim pegou a minha mão, quis apertá-la mesmo sem forças você me tocou e eu sorri, porque foi bom te sentir me tocando, mostrou que sua alma grandiosa ainda se encontrava ali, junto de mim.
Eu sabia que tinha que te dizer algo antes de ir, antes de você ir, é tão estúpido lembrar das minhas ultimas palavras ditas a você, suas ultimas palavras ouvidas de mim.
“Pretendo comprar aquele filme que vimos no cinema na primeira semana que nos conhecemos, quero vê-lo se possível todos os dias, e é claro que não vai faltar a sua pizza favorita em casa, seu lugar no sofá estará lá sempre para você, e hum... quero comprar vários frascos do seu perfume, gosto tanto dele, sabia? Tem cheiro de flores, claro que não faltarão flores no nosso jardim, jasmim, rosa, boca de leão, muitos e muitos lírios, e sabe? Quero muito dormir sem ter que acordar e colocar o braço no seu lugar da cama que estará vazio. Eu não quero beber o meu café, quero beber o seu, gosto do cheiro dele invadindo a casa às oito e meia da manhã, gosto tanto. Ta, ta, estou falando tanto, me desculpe pelas besteiras, mas é que não posso aceitar essa idéia e não vou aceitar, Não vou. Não, não estou desesperado, mas eu sempre estarei morrendo de amor por você, sempre, tanto, e com muita, mas muita saudade. Se cuide, eu volto para te beijar a testa às sete horas, como sempre faço quando está gripada, ta bom?
E por favor, não pense que estou louco, eu só estou morrendo de amor, de tristeza, de desespero, acho que é isso que as pessoas fazem quando não tem saída, quando não tem salvação, mas quando ainda se tem esperança, eu tenho esperança, ficaremos bem. Não esqueça que volto às sete horas, eu te amo e um beijo.”





Você já não estava mais ali quando terminei de falar, e assim eu saí do quarto, um tanto desesperado e sem jeito. Sei que prestou atenção quando disse que o lugar no sofá estará sempre para você e ainda bem que não ouviu quando disse que estava e estou morrendo de amor... Ficaria preocupada.


Ah, se cuida meu anjo.





Kamila

sábado, 23 de janeiro de 2010

para sempre tua.

Peço a Deus que nunca tire de mim esse dom de te conquistar todos os dias, que não faça seus olhos perderem essa graça divina de me olhar fundo, profundo, dizendo mesmo calado que me quer de todas as formas e me vejo nos seus olhos que são espelhos, recebo essa mensagem silenciosa de que você me quer por toda vida, e te quero também. Assim serei, para sempre tua.



Kamila

Essas esperas.

E deito na cama, assim vou percebendo o quanto você traz a falta por aqui, o quanto me dói ter que ficar sozinho, sem ao menos saber que horas você vai voltar, e se voltar. Já estou muito velho, muito cansado para te esperar dias e dias, sempre nesta situação: cabeça debaixo do cobertor, lanterna ligada iluminando a nossa fotografia, e na mente essa voz que sempre diz “se acalme já, logo ela baterá na porta, estará diante de ti como sempre esteve, dizendo mais uma vez o quanto não agüenta mais essa distancia, e assim você dirá o quanto não agüenta mais essas esperas. Vocês dois ficariam parados e quietos até que você a chame para entrar, ela tirara o casaco sentara naquela sua velha poltrona cheirando mofo, olhara para mesinha e perguntara: - o que você está lendo?”


Kamila

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

"E se realmente gostarem? Se o toque do outro de repente for bom? Bom, a palavra é essa. Se o outro for bom para você. Se te der vontade de viver. Se o cheiro do suor do outro também for bom. Se todos os cheiros do corpo do outro forem bons. O pé, no fim do dia. A boca, de manhã cedo. Bons, normais, comuns. Coisa de gente. Cheiros íntimos, secretos. Ninguém mais saberia deles se não enfiasse o nariz lá dentro, a língua lá dentro, bem dentro, no fundo das carnes, no meio dos cheiros. E se tudo isso que você acha nojento for exatamente o que chamam de amor? Quando você chega no mais íntimo, No tão íntimo, mas tão íntimo que de repente a palavra nojo não tem mais sentido. Você também tem cheiros. As pessoas têm cheiros, é natural. Os animais cheiram uns aos outros. No rabo. O que é que você queria? Rendas brancas imaculadas? Será que amor não começa quando nojo, higiene ou qualquer outra dessas palavrinhas, desculpe, você vai rir, qualquer uma dessas palavrinhas burguesas e cristãs não tiver mais nenhum sentido? Se tudo isso, se tocar no outro, se não só tolerar e aceitar a merda do outro, mas não dar importância a ela ou até gostar, porque de repente você até pode gostar, sem que isso seja necessariamente uma perversão, se tudo isso for o que chamam de amor. Amor no sentido de intimidade, de conhecimento muito, muito fundo. Da pobreza e também da nobreza do corpo do outro. Do teu próprio corpo que é igual, talvez tragicamente igual. O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho. Se amor for a coragem da própria merda. E depois, um instante mais tarde, isso nem sequer será coragem nenhuma, porque deixou de ter importância. O que vale é ter conhecido o corpo de outra pessoa tão intimamente como você só conhece o seu próprio corpo. Porque então você se ama também. "



Caio Fernando Abreu


único.