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domingo, 24 de janeiro de 2010

Primeiro de Abril

Era primeiro de Abril e quase não chego a tempo de me despedir, iria perder seu olhar por toda eternidade se não tivesse enfrentado aquele médico de bosta, é, olha o que o desespero e o amor não fazem. Só você sabe ou sabia o quanto tenho nojo de hospital, o cheiro me provoca ânsia.
Preciso deixar claro, foi terrível te ver quietinha na cama, no fim. Sua mão sempre tão bonita, sua pele tão viva, você era inteirinha hiperativa, até seu cabelo com frizz, até seus fios eram hiperativos, gostava tanto deles, passar a mão nos seus cabelos era indispensável, sempre ia dormir com o cheiro deles nas mãos. E agora lá estava você, sem eles, sem nenhum deles, mesmo assim você não deixou de ser linda, mesmo quase sem vida seus traços ainda me envolviam de um jeito incrível, nessas horas vejo o quanto você é adorável e amável por mim.
Quando abriu os olhos, sorriu com eles, e além de sorrir disse com o olhar que todos aqueles tubos e agulhas estavam te incomodando, aquilo me incomodou também e de repente meus olhos transbordaram lagrimas e eu passei as mãos neles de uma forma que demonstrou que estava me desculpando por chorar, me desculpe por chorar, chorei de mansinho, mas chorei e você também chorou de um jeito fraco, triste. Assim pegou a minha mão, quis apertá-la mesmo sem forças você me tocou e eu sorri, porque foi bom te sentir me tocando, mostrou que sua alma grandiosa ainda se encontrava ali, junto de mim.
Eu sabia que tinha que te dizer algo antes de ir, antes de você ir, é tão estúpido lembrar das minhas ultimas palavras ditas a você, suas ultimas palavras ouvidas de mim.
“Pretendo comprar aquele filme que vimos no cinema na primeira semana que nos conhecemos, quero vê-lo se possível todos os dias, e é claro que não vai faltar a sua pizza favorita em casa, seu lugar no sofá estará lá sempre para você, e hum... quero comprar vários frascos do seu perfume, gosto tanto dele, sabia? Tem cheiro de flores, claro que não faltarão flores no nosso jardim, jasmim, rosa, boca de leão, muitos e muitos lírios, e sabe? Quero muito dormir sem ter que acordar e colocar o braço no seu lugar da cama que estará vazio. Eu não quero beber o meu café, quero beber o seu, gosto do cheiro dele invadindo a casa às oito e meia da manhã, gosto tanto. Ta, ta, estou falando tanto, me desculpe pelas besteiras, mas é que não posso aceitar essa idéia e não vou aceitar, Não vou. Não, não estou desesperado, mas eu sempre estarei morrendo de amor por você, sempre, tanto, e com muita, mas muita saudade. Se cuide, eu volto para te beijar a testa às sete horas, como sempre faço quando está gripada, ta bom?
E por favor, não pense que estou louco, eu só estou morrendo de amor, de tristeza, de desespero, acho que é isso que as pessoas fazem quando não tem saída, quando não tem salvação, mas quando ainda se tem esperança, eu tenho esperança, ficaremos bem. Não esqueça que volto às sete horas, eu te amo e um beijo.”





Você já não estava mais ali quando terminei de falar, e assim eu saí do quarto, um tanto desesperado e sem jeito. Sei que prestou atenção quando disse que o lugar no sofá estará sempre para você e ainda bem que não ouviu quando disse que estava e estou morrendo de amor... Ficaria preocupada.


Ah, se cuida meu anjo.





Kamila

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