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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Olhar de gente grande.

Era aquele azul do céu que não se cala.
Como a velocidade do vento que trazia as folhas secas, eu caminhava com você.
E você havia crescido seu olhar já era de gente grande, como o meu.
Era outono e aquele frio permanecia em nosso interior.
Eu a via, parecia uma boneca, o seu cabelo dourado e sua boca vermelha, sua beleza não me deixava adormecer, quando nós resolvemos deitar ali na grama.
Deitamos perto daquela árvore, onde estavam registrados nossos nomes, nomes de infância.
Por um momento o meu mundo parou, e eu flutuei.
Eu voltei a vê-la como um passarinho, doce inocente, e livre.
É engraçado, como estávamos aqui, estávamos crianças no mesmo lugar de hoje, á dez anos atrás.
Eu te via recitando poemas, aqueles que você às vezes escrevia para mim, com toda graça do mundo.
Às vezes você até identificava-me nos poemas das suas escritoras favoritas.
Eu sempre te achava minha poetisa.
Depois de recitar-me algum poema, você sempre se escondia, ficava linda tímida.
Na mesma hora que se escondeu você se levantou e eu a agarrei sua cintura, como se pedisse para ficar.
Você me puxou e beijou-me com os olhos, eu mergulhei dentro deles.
Como sempre você alegre decidiu cantarolar aquele poema em forma de canção:

- Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração;
Que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança.
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida,
A minha face?

Parece que a vejo dizer que este poema foi feito para mim.
Você me puxou bem firme, olhou com seu olhar de criança e gritou:
- vamos correr?
Corríamos mais de pressa que as nuvens cor de cinza triste.
E agora te pego me acordando, me levantando da grama.
Já não somos mais crianças como imaginei a um segundo atrás.
Mas você me fita com os seus olhos que ainda me fazem mergulhar
Com seu olhar que hoje é de gente grande.
E você sussurra baixinho:
- Vamos correr?


Kamila F.

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